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Psicanalista vê em curso processo de solidão do tirano
Para Christian Dunker, presidente vive na pandemia um acirramento do processo de ‘solidão do tirano’. Excetuando-se os raros centenários espalhados pelo mundo, praticar quarentena com isolamento social devido a uma pandemia é algo inédito para todos. Com isso em mente, fica óbvio o humor no título de Christian Dunker, “A Arte da Quarentena para Principiantes” (Boitempo, 77 páginas): não há peritos entre nós. Psicanalista e professor titular da USP, Dunker mira o momento atual sob dois recortes. Um, da saúde mental; outro, da regionalização do enfrentamento ao coronavírus. E conta à Folha que arrisca, mesmo no caos, tentar fazer rir. Para ele, o Brasil é um país onde a produção de inimigos foi retórica de campanha e virou método de governo. Aqui, portanto, a estratégia de enfrentamento de um adversário real —“uma forma de vida composta de uma capa de gordura com proteína”— acaba contaminada e menos eficaz.No livro, o psicanalista avalia como a pandemia vem para destruir o engrandecimento narcísico da sociedade atual, e fala em “oniropolítica”, conceito em que o futuro é feito de solidariedade e sonho, e onde “Bolsonaro não governa mais este país”.* “A Arte da Quarentena para Principiantes” é um livro sobre a quarentena, um livro sobre o governo ou um livro sobre o governo na quarentena? É um livro sobre o governo na quarentena, e eu diria que é um governo sob o risco de entrar em quarentena ele próprio, no sentido de se isolar, de perder contato com as instituições. A necropolítica, descrita pelo filósofo Achille Mbembe, é a face mais mórbida do processo. Ele desenvolve esse conceito em oposição à biopolítica. A necropolítica estabelece que nem todos vão poder participar, nem todos são de fato sujeitos. Alguns são corpos que a gente não vai ativamente por numa câmara de gás, mas vai deixar morrer, vai privar de máscara, deixar de assistir eles na saúde publica. O processo típico é a lentificação do auxílio. Isso a gente vê sob a capa da descoordenação, na reunião de ministério que veio a público, no discurso de que é só uma gripezinha, no discurso sobre as armas. O medo é esperado para essa situação. Ele evoca um perigo real. Não é fantasia que as pessoas estão perdendo a vida. Mas não se deve confundir medo com angústia. A angústia vem de dentro, tem a ver com nossos modos de sofrimento, como a gente individualiza o que está acontecendo. É a ideia de que todos vamos ter momentos de enlouquecimento, e precisamos ser tolerantes com eles. Reconhecêlos, e avisar aos outros quando eles acontecerem. É uma atitude preventiva, de não tomar grandes decisões, de não achar que está tudo como estava antes. Estamos em um estado de muita alteração psíquica.
O Estado de S. Paulo
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