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quinta-feira, abril 25, 2024
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Pesquisadores da UEL monitoram populações e espécies de abelhas na Mata dos Godoy e cafezais

Como há redução das populações de abelhas no mundo, existe a hipótese de que elas também estejam reduzindo na região devido à intervenção humana. Mudanças climáticas, uso de agrotóxicos e crescimento urbano acelerado estão entre os principais motivos da redução.

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Pesquisadores do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade Estadual de Londrina (UEL)  acompanham populações e diferentes espécies de abelhas no município e região. O trabalho, coordenado pela professora Silvia Helena Sofia, envolve alunos da graduação, Iniciação Científica (IC) e pós-graduação de programas de mestrado e doutorado da área de Ciências Biológicas.

Um dos projetos tem como fonte de observação a Mata dos Godoy, localizada na região Oeste de Londrina, a 20 quilômetros do Centro da cidade. Após mais de 20 anos da primeira pesquisa feita com abelhas de orquídeas na Mata dos Godoy, um dos projetos vai repetir o estudo para comparar como está a comunidade de abelhas no local. Como há redução das populações de abelhas no mundo, o que gera preocupação com a extinção de algumas populações e espécies, existe a hipótese de que elas também estejam declinando em número no Norte do Paraná devido à intervenção humana.

Mudanças climáticas, uso de agrotóxicos e crescimento urbano acelerado estão entre os principais motivos que podem influenciar na redução das populações de abelhas, segundo a professora Silvia Helena. Foi a pesquisadora a primeira a realizar o estudo, em 1998, quando chegou à UEL. Desde então, fez diversas pesquisas com abelhas e coletou centenas de espécies para coleção. Só na Mata dos Godoy, por exemplo, foram identificadas 11 espécies de abelhas de orquídeas.

No mundo, são 20 mil espécies catalogadas. No Brasil, 2 mil são conhecidas, embora o número possa ser ainda maior. “A preocupação com elas é devido à alta capacidade de polinização de plantas, o que possibilita gerar frutos de melhor qualidade e mais sementes. Isso pode influenciar diretamente na produção de alimento em todo o mundo”, como afirma Silvia Helena, que recorda o lema utilizado atualmente: “sem abelha, sem alimento”. Se nas plantações elas são responsáveis por 75% do processo de polinização, nas florestas e matas esse número chega a 90%.

COLETA E ANÁLISE – O estudo comparativo será conduzido pelas estudantes Giovanna Cesar, do 5º ano do curso de Ciências Biológicas, e Thais Kotelok, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Genética e Biologia Molecular. Giovanna fará coleta e análise de dados, enquanto Thais trabalhará a diversidade genética das abelhas. Ambas afirmam terem se surpreendido com a quantidade de espécies identificadas – muitas delas não conhecidas pela população, e reconhecem a contribuição desse novo estudo para a região Norte do Paraná.

Recentemente, a pesquisa foi contemplada no Edital do Programa Institucional de Pesquisa Básica Aplicada da Fundação Araucária, com mais de R$ 12 mil. Ela integra o projeto Pesquisas Ecológicas de Longa Duração na Mata Atlântica do Norte do Paraná (PELD – MANP), coordenado pelo professor José Marcelo Torezan, do Departamento de Biologia Geral, e financiado pela Fundação Araucária e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

EUFRIESEA VIOLACEA – A espécie mais encontrada na Mata dos Godoy, área remanescente de Mata Atlântica na região de Londrina, é a Eufriesea violacea, considerada uma abelha de orquídeas por ser atraída pela fragrância da flor. Segundo Silvia Helena, é o macho quem faz essa ação como um comportamento de reprodução e corte para a fêmea.

As características se diferenciam muito das tradicionais abelhas europeias, de cor preta e amarela. No caso da espécie de interesse, os machos, de cor esverdeada, são os mais encontrados e fáceis de serem capturados. Já as fêmeas apresentam cor violeta. Essa espécie é encontrada no período de outubro a janeiro, épocas de temperaturas mais altas. Por este motivo, as novas coletas na Mata dos Godoy serão realizadas no fim do ano e o resultado comparativo deve ser divulgado em 2023.

Apesar de não ser necessário o uso de abelhas para polinização das flores do cafezal, estudos mostram que a produção pode aumentar em até 20% quando elas visitam as plantações. É a partir disso que as pesquisas são conduzidas no Norte do Paraná para identificar as principais espécies de abelhas que habitam os pés de café, com o objetivo de comparar com outras regiões do país.

ABELHAS E PRODUÇÃO DE CAFÉ  – Já o projeto “Abelhas polinizadoras do cafeeiro: avaliação bioeconômica das abelhas polinizadoras”, também conduzido pela professora Silvia Helena Sofia, avalia as propriedades rurais que fazem parte da Rota do Café, abrangendo de Londrina a Ribeirão do Pinhal, no Norte do Paraná. Em levantamentos prévios, a principal espécie encontrada é a abelha europeia (Apis mellifera), exótica, introduzida no país no século 19.

A professora lembra que o Norte do Estado já foi o principal produtor de café do país, entre os anos de 1930 e 1970. Atualmente, a região concede ao Paraná o posto de sexto maior produtor do Brasil. A pesquisa vem como forma de valorizar a região e, ainda, de conservar as espécies de abelhas que nos últimos anos estão sofrendo redução das populações devido à ação humana.

BRASIL – No país, o estudo é realizado há três anos pela Universidade Federal do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com financiamento do CNPq, da Associação Brasileira para Estudo das Abelhas (A.B.E.L.H.A) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). É com as plantações de café do Rio de Janeiro e de Minas Gerais que os estudos do Paraná serão comparados. Diferente daqui, a pesquisa já aponta que nessas regiões são encontradas espécies nativas, como a mandaçaia, uma abelha sem ferrão.

EDUCAÇÃO AMBIENTAL – Outro objetivo do estudo, segundo Silvia Helena, também é contribuir com o produtor, visando ganho econômico e também educar sobre a importância das abelhas para a produção de alimentos. “Geralmente eles são abertos e têm interesse pelas abelhas”, afirma.

De forma semelhante, outro trabalho realizado pela professora é a divulgação, para crianças e adolescentes, da importância das abelhas. A ação já ocorreu em escolas da cidade e também na Fazendinha, durante a Exposição Agropecuária de Londrina (ExpoLondrina). Nos locais, foi levada a coleção de abelhas de orquídeas e outras abelhas brasileiras, que apresentam diferentes cores e tamanhos.

COLEÇÃO DE ABELHAS – A UEL tem uma coleção de abelhas de orquídeas com quase 10 mil indivíduos. São os mais diferentes tipos, que lembram, por exemplo, mosquitos e besouros, devido à variação de cor e tamanho. As espécies foram coletadas nos mais de 20 anos de estudos, em espaços remanescentes da Mata Atlântica, Mata dos Godoy e do Litoral paranaense.

A coleção está armazenada no Laboratório de Genética e Ecologia Animal (LAGEA) e no Museu de Zoologia, ambos no Centro de Ciências Biológicas (CCB). Os exemplares estão preservados em via seca, montados em alfinetes e devidamente etiquetados.

Agência Estadual de Notícias

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Redação Portal Cambé
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