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sábado, abril 27, 2024
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MANCHETE DOS JORNAIS DESTE SÁBADO, 28 DE OUTUBRO DE 2023

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Governo Lula propõe fim de escolas militares, oposição ao agro em sala de aula e ideologia de gênero – E diz que Hamas não é terrorista: O risco Brasil não é só econômico. (GP)
Bolsa cai e dólar ultrapassa R$ 5 após Lula não garantir meta fiscal em 2024 (GP)
O que é taqiya, a doutrina islâmica que justifica o uso da mentira Palestina (GP)
Lula sabota o país – ou a Colônia dos Tupiniquins dos escambos pudicos (Folha)

JBS no Paraná e novas unidades
Com investimento de R$ 1 bilhão, JBS inaugura duas novas unidades em Rolândia
Ratinho Junior participou da inauguração de duas novas fábricas do grupo – de empanados e salsichas, consideradas as mais modernas do mundo. Atualmente, 4,5 mil pessoas trabalham no complexo industrial. Após a conclusão do investimento, o número de trabalhadores chegará a 6 mil. (AEN)

A meta de Haddad já enfrenta ceticismo dentro do governo. Para este ano, a projeção é de rombo de R$ 141 bilhões, ou 1,4% do PIB. As contas estão no vermelho desde 2014, com exceção só em 2022 no governo Bolsonaro. (Folha)

Falta de dólares provoca escassez de combustíveis na Argentina
Entidade que representa o setor pede intervenção do governo no segmento e nega interferência no abastecimento. Apesar do congelamento determinado pelo governo, distribuidoras elevaram preços da gasolina e do diesel. Bombas vazias Desabastecimento é maior no interior do país, mas em Buenos Aires já há relatos de falta de combustível (Estado)

O que é taqiya, a doutrina islâmica que justifica o uso da mentira Palestina (GP)

O ESTADO DE S.PAULO

  • Mercado vê ajuste fiscal mais longe
  • Situação financeira do terminal está ‘saneada’
  • Governo federal retira Porto de Santos do programa de privatização
  • Fazenda publica regras para empresas de apostas
  • Relator quer reduzir à metade o imposto para apostadores
  • Governo tem superávit de R$ 11,5 bi em setembro
  • Bahia e SP terão as maiores fatias de fundo regional
  • Relator limita taxação e contraria Centro-Oeste
  • ‘Nada muda sobre meta’, diz Ceron, do Tesouro
  • Para analistas, política de aumento de gastos põe em xeque meta fiscal
  • EUA bombardeiam alvos ligados ao Irã na Síria após ataques a soldados
  • Israel expande operações terrestres após cortar internet da Faixa de Gaza
  • Homenagens a Bolsonaro pelo País reforçam ‘a tese de fraude eleitoral’
  • Escassez de dólar após eleição causa falta de combustíveis na Argentina
  • ONU aprova resolução que pede trégua

FOLHA DE S.PAULO

  • Ex-presidente da varejista propõe acordo para encerrar processo
  • Rial diz à CVM ignorar erros da Americanas antes do escândalo
  • Maioria dos entrevistados considera que funcionário público é desvalorizado no país
  • Servidores não refletem o Brasil para 56%, diz Datafolha
  • Negro ganha 13%a menos que branco coma mesma formação
  • Paulo Picchetti, professor da USP, é cotado para diretoria do Banco Central
  • Fundo de R$ 60 bi da Reforma Tributária beneficia BA, SP e MG
  • Pressão nas contas pode piorar resultado fiscal, afirma secretário do Tesouro
  • Presidente joga a toalha e dá comando para mudar meta, diz relator
  • Lula diz que não quer militar em favela no Rio e descarta GLO em seu mandato
  • Bolsa cai, dólar sobe e juros disparam após fala de Lula
  • Equipe econômica teme impacto da declaração
  • O câncer do Brasil Lula, diz que déficit não precisa ser zero
  • Lula diz que Netanyahu quer acabar com Gaza e que Hamas não é terrorista
  • Decisão do STF sobre retomada de bem dá segurança, diz setor
  • Retomada de estaleiros é tema de série da Folha
  • Demanda do agro faz estaleiros do Norte descolarem de crise
  • País mais velho tem desafios em saúde, economia e previdência
  • Brasil tem envelhecimento recorde, e idosos são 10,9%

O GLOBO

  • Duas metralhadoras de Arsenal do Exército podem estar no Rio
  • Sob críticas de escolas distantes, Enem 2023 terá menos salas
  • Mulher, militante e alvo: Em dez anos, 36 delas morreram na Amazônia
  • Após fala de Lula, dólar sobe, e Bolsa tem queda
  • Venda da Amil: ao menos cinco investidores no páreo
  • Brasil tem o menor número de crianças desde 1970
  • Mulheres passam de 100 milhões pela primeira vez
  • Parcela da população em idade ativa atinge o maior patamar
  • Brasil envelhece rápido e é cada vez mais feminino
  • Regulação de trabalho por aplicativo, o TST precisa ser realista para o século XIX
  • Ajuste fiscal é a prioridade na Argentina
  • Ofensiva intensificada: Forças de Israel ampliam ataques por terra e deixam Faixa de Gaza sem comunicações
  • O risco Brasil não é só econômico: Fação no Rio ou Hamas, não são terroristas para Lula
  • ‘Não quero Forças Armadas na favela brigando com bandido’

GAZETA DO POVO

  • Bolsa cai e dólar ultrapassa R$ 5 após Lula não garantir meta fiscal em 2024
  • O que é taqiya, a doutrina islâmica que justifica o uso da mentira
  • Autor dos tiroteios no estado do Maine, nos EUA, é encontrado morto
  • Petroleirosa iniciam atos e manifestações em unidades da Petrobras
  • Aneel mantém bandeira tarifária verde para novembro
  • Justiça aceita pedido do MP do Rio para impedir retorno de chefe do tráfico ao estado
  • “Direita precisa destacar as conquistas de Bolsonaro no Nordeste”, diz Queiroga sobre Eleições 2024
  • Inglês, francês e até turco: escolas do RJ oferecem ensino bilíngue em comunidades carentes
  • Moraes concede liberdade provisória a youtuber que ameaçou STF e PT
  • Israel lamenta aprovação de resolução dos países árabes na ONU: “Dia que ficará na infâmia”
  • Governo Lula quer destinar terras de “maus pagadores” para criar assentamentos
  • MBL confirma projeto de criação de partido: “maior projeto da história do movimento”
  • “Tempestade perfeita” ameça falência de produtores paranaenses no setor do leite
  • María Corina Machado diz que “magnitude” das primárias da oposição abalou o chavismo
  • Fala de Lula sobre meta fiscal é “brochante” e constrange Haddad, diz relator da LDO
  • Alckmin destaca importância do agro em inauguração de fábricas da JBS no Brasil
  • 97% dos leitores da Gazeta do Povo são contra o veto de Lula ao marco temporal
  • Deputada do PSOL acusa IA de “racismo algorítmico” e suscita dúvidas em internautas
  • Aprenda a fazer paratha, um acompanhamento saboroso e democrático
  • Governo da Argentina combina medidas com empresas para aliviar escassez de combustíveis
  • Israel afirma que ampliará suas operações terrestres em Gaza
  • O ataque à governança da Petrobras
  • Por que a esquerda defende o Sistema? Porque ela é o Sistema.
  • Segunda edição de evento promovido pela Gazeta do Povo debate agro e sustentabilidade
  • Assembleia Geral da ONU aprova resolução para pedir trégua humanitária em Gaza
  • Fundadora da escola Anjo da Guarda, “tia” Vera Miraglia morre em Curitiba
  • Pasta de Dino lança curso para policiais com o objetivo de “fortalecer democracia”, quase todos os brasileiros já sabem o que esperar da segurança pública
  • Lula desdenha meta fiscal e engrossa “fogo amigo” contra Haddad. Vem mais em 2024
  • Todo inseto na planta é praga?
  • Regime venezuelano intimidou vários eleitores durante as primárias da oposição, diz ONG
  • Ricardo Salles pode sair do PL, seguir com mandato de deputado e disputar prefeitura de São Paulo
  • PGR vai ao STF contra regras que discriminam mulheres nas Forças Armadas
  • Reforma tributária: o que prevê o projeto que será votado no Senado
  • Cacique Roani, que subiu a rampa com Lula, diz que presidente não cumpriu o que prometeu
  • EUA impõem mais sanções a o Hamas e a iranianos que treinaram terroristas
  • Ambev promove iniciativa para inclusão de mulhres na construção civil

SEMANA – Estado do Paraná

Com investimento de R$ 1 bilhão, JBS inaugura duas novas unidades em Rolândia
Ratinho Junior participou da inauguração de duas novas fábricas do grupo – de empanados e salsichas, consideradas as mais modernas do mundo. Atualmente, 4,5 mil pessoas trabalham no complexo industrial. Após a conclusão do investimento, o número de trabalhadores chegará a 6 mil.

População idosa do Paraná quase dobrou nos últimos 22 anos, aponta IBGE
Estado possui 1,9 milhão de pessoas com 60 anos ou mais, que já representam 16% de todos os residentes nos 399 municípios paranaenses. Dado reitera a tendência de envelhecimento da população vista ao longo das últimas décadas.

Irati recebe selo Susaf e pode ampliar mercado para pequenas agroindústrias
Adesão ao sistema permite que o município credencie as agroindústrias que atendam as normas do Sistema de Inspeção Municipal para que possam comercializar a produção em todo o Estado. Até agora, 89 municípios paranaenses já aderiram ao Susaf.

Previsão de safra da Secretaria da Agricultura avalia impacto das chuvas nas lavouras
Maior impacto foi sobre trigo e cevada, que tiveram recuos importantes de produtividade. No caso do trigo, a estimativa de produção apontada no relatório deste mês reduziu em 300 mil toneladas comparativamente à previsão divulgada em setembro. No Norte, de maneira geral, as lavouras apresentam bom estado.

Novos negócios: Paraná é o 2º do país em atividades de baixo risco dispensadas de licenças
Levantamento é do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Com o novo Decreto de Baixo Risco, o Paraná passou a contar com 771 atividades econômicas dispensadas da emissão de licenças para abertura de empresas.

Paraná é o 2º no ranking nacional de recuperação de embalagem, mostra verificadora independente. Mais de 70 mil toneladas de embalagens foram recuperadas no ano de 2022 no Paraná, segundo dados enviados por entidades gestoras de resíduos sólidos que atuam no Estado, rigorosamente verificados por empresa independente. Volume representa quase 10% do total recuperado no país.

Educação prevê mais de 300 psicólogos e assistentes sociais para atuar nas escolas estaduais. Previsão é contratar mais 203 psicólogos e 100 assistentes sociais para acompanhamento de alunos e professores de escolas estaduais. O edital para a seleção dos profissionais interessados em participar da iniciativa já está aberto. Selecionados passarão por cursos ministrados pela Universidade Estadual de Londrina.

Em Goioerê, evento sobre conscientização fiscal vai debater reforma tributária
Evento gratuito e aberto à sociedade terá transmissão online nos dias 7 e 8 de novembro. Palestras e discussões incluem assuntos como o uso de elementos lúdicos e interativos e a transparência na educação fiscal. Veja como se inscrever.

MATÉRIA EM FOCO

Lula sabota o país – ou a Colônia dos Tupiniquins dos escambos pudicos

Chico Buarque – Apesar de Você (LULA) ‘democracia’ Petista/Lula

Ao abandonar meta de déficit zero em 2024, presidente cria problemas e força alta dos juros. O presidente Lula afirmou que a meta fiscal não será cumprida pois não haverá cortes “em investimentos e obras”. E, ainda, que “o mercado é ganancioso demais”.

Trata-se de fantasia e desinformação deliberada. Recusar mais déficit não é ganância; ganância com ganhos para os mais ricos haverá com crescimento do déficit.

O descumprimento elevará os juros, concentrando renda e diminuindo os investimentos. Lula age como prefeito desinformado ou deputado paroquial.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) tem trabalhado para conter o crescimento de déficit e dívida do governo. Ocupa-se de convencer o Congresso a aprovar aumentos de impostos e de evitar que os parlamentares explodem bombas que abram mais buracos no casco do navio fiscal. Além disso, tenta evitar que seus colegas de ministério contribuam para a detonação.

Haddad talvez não imaginasse que o próprio presidente da República disparasse um torpedo contra o projeto já não muito rigoroso de estabilização das contas públicas.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parecia mais contido e baixara o tom e o número de declarações que, desde a eleição, contribuíram para a alta das taxas de juros. Nesta sexta (27), porém, decidiu perturbar seu governo e o país.

Em resumo, disse que sua gestão não chegará à meta de déficit primário zero em 2024, o que é opinião quase geral. Mas Lula afirmou que, entre outros motivos, a meta não será cumprida pois não haverá cortes “em investimentos e obras”.

Para piorar o estrago e demonstrar seu desconhecimento do problema, disse ainda que “o mercado é ganancioso demais e fica cobrando uma meta que eles sabem que não vai ser cumprida”.

Trata-se de fantasia e desinformação deliberada. Recusar mais déficit não é ganância; ganância com ganhos para os mais ricos haverá com crescimento do déficit. O governo federal terá de expandir a tomada de empréstimos a taxas elevadas —até mesmo por esse tipo de declaração do presidente.

Os parlamentares, indiferentes ao destino do país e certamente despreocupados com um fracasso do governo, têm proposto, pautado ou aprovado leis para aumentar a despesa ou reduzir a receita.

Colocam, ou pretendem colocar, na conta federal gastos com servidores estaduais. Prorrogam desonerações para empresas ou benefícios regionais. Querem novos tipos de emendas de pagamento obrigatório. A fala de Lula se junta a esse ímpeto parlamentar destrutivo.

O presidente parece se comportar como um prefeito desinformado ou um deputado paroquial, para quem governar é inaugurar obras, sem se importar com consequências. Ademais, ainda não parece ter aprendido o efeito pernicioso desse tipo de declaração: governo e país pagarão juros mais altos; a confiança econômica diminuirá.

De fato, fazer com que receita e despesa se equilibrem no ano que vem, o déficit zero, será difícil. Desprezar uma meta necessária e definida em projeto de lei, porém, cria e antecipa problemas.

Que fique claro: Lula não está propondo um programa econômico controverso, está sabotando o próprio governo. Além de danoso, é incompreensível.

Folha de S.Paulo 28 Outubro de 2023

Israel vai da Guerra dos Seis Dias à ‘guerra das seis frentes’

Vencer só é possível com uma aliança de pessoas e nações que acreditam na democracia e na autodeterminação de todos os povos.

Vitória depende de aliança com quem acredita na autodeterminação dos povos.

Quem se importa com Israel deveria estar mais preocupado agora do que em qualquer outro momento desde 1967. Naquele ano, Israel derrotou os Exércitos de três Estados árabes – Egito, Síria e Jordânia – no conflito que ficou conhecido como Guerra dos Seis Dias. Hoje, quem olha com atenção percebe que o país enfrenta uma “guerra de seis frentes”.

Esta guerra é travada diretamente e por intermédio de atores não estatais, Estados-nação, redes sociais, movimentos ideológicos, comunidades da Cisjordânia e facções políticas israelenses – e é a guerra mais complexa que já cobri. Mas uma coisa está clara: os israelenses não são capazes de vencer esta guerra em seis frentes sozinhos. Eles só serão capazes de vencer se Israel – e os EUA – conseguir reunir uma aliança global.

Infelizmente, Israel tem hoje um primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, e uma coalizão de governo que não pretendem nem são capazes de construir o fundamento necessário para sustentar essa aliança global. Esse fundamento é declarar o fim da expansão dos assentamentos coloniais de Israel na Cisjordânia e reformular as relações com a Autoridade Palestina, para que a entidade se torne uma parceira legítima e crível, capaz de governar a Faixa de Gaza pós-Hamas e forjar uma solução maior de dois Estados, incluindo a Cisjordânia.

É estrategicamente e moralmente incoerente Israel pedir aos seus melhores aliados ajuda para buscar justiça em Gaza e, ao mesmo tempo, pedir-lhes que façam vista grossa enquanto o Estado judaico constrói um reino colonial na Cisjordânia com objetivo expresso de anexação.

ENFRENTAMENTO.

Isso não vai funcionar. Israel não será capaz de produzir o tempo, a assistência financeira, a legitimidade, o parceiro palestino e os aliados globais de que precisa para vencer esta guerra em seis frentes. E todas as seis frentes estão, neste momento, à vista de todos. Na primeira, Israel trava uma guerra em escala total contra o Hamas dentro e no entorno de Gaza, na qual, conforme podemos ver agora, o Hamas ainda detém tanta capacidade residual que conseguiu lançar um ataque anfíbio contra os israelenses, disparando foguetes de longo alcance contra as cidades portuárias de Eilat, no sul de Israel, e Haifa, no norte.

É assustador ver quantos recursos o Hamas desviou para construir armas em vez de capital humano em Gaza – e quão eficazmente o grupo escondeu isso de Israel e do mundo. De fato, é difícil não notar o contraste entre a evidente pobreza humana em Gaza e a riqueza em armamentos que o Hamas construiu e tem acionado.

O Hamas sonha há muito tempo com a unificação dos fronts em torno de Israel, regionalmente e globalmente. A estratégia de Israel sempre foi agir de maneiras que evitem isso – até que a atual coalizão de Netanyahu, de judeus ultraortodoxos e supremacistas, chegou ao poder em dezembro e começou a se comportar de uma forma que de fato ajudou a fomentar a unificação de todos os inimigos de Israel.

RADICAIS.

De que maneiras? Os supremacistas judeus no gabinete de Netanyahu começaram imediatamente a desafiar o status quo do Monte do Templo, em Jerusalém, reverenciado por muçulmanos, que se referem ao local como Nobre Santuário, onde fica a Mesquita de Al-Aqsa.

O governo Netanyahu começou a movimentar-se para impor condições muito mais duras aos palestinos da Cisjordânia e de Gaza presos nas penitenciárias israelenses. E estabeleceu planos para uma enorme expansão nos assentamentos de Israel na Cisjordânia para impedir que um Estado palestino contíguo possa existir algum dia por lá. É a primeira vez que um governo israelense torna a anexação da Cisjordânia um objetivo declarado.

Além disso tudo, os EUA pareciam próximos de forjar um acordo para a normalização das relações diplomáticas e comerciais entre Arábia Saudita e Israel – realização que coroaria o esforço de Netanyahu no sentido de provar que Israel pode ter relações normais com Estados árabes e muçulmanos sem ter de ceder nenhum centímetro aos palestinos.

FATOR IRÃ.

O que nos leva à segunda frente: Israel contra o Irã e seus apoiadores – ou seja, o Hezbollah, no Líbano e na Síria, milícias islamistas, na Síria e no Iraque, e a milícia houthi, no Iêmen.

Todos os grupos lançaram, nos dias recentes, drones e foguetes contra Israel e forças dos EUA no Iraque e na Síria. Creio que o Irã – assim como o Hamas – considerou o esforço americano-israelense de normalização de relações entre Israel e Estados árabes uma ameaça estratégica que teria isolado Teerã e seus aliados na região.

Ao mesmo tempo, acredito que o Hezbollah passou a perceber que, se Israel aniquilar o Hamas, conforme declarou que fará, o grupo xiita libanês será o próximo. Portanto, o Hezbollah decidiu que, no mínimo, precisa abrir um segundo front de baixa intensidade contra Israel.

RETIRADA.

Como resultado, Israel foi forçado a retirar cerca de 130 mil civis das proximidades da fronteira norte, assim como dezenas de milhares de pessoas da região próxima à fronteira sudoeste, com Gaza. Esses deslocamentos colocam uma pressão enorme por moradia sobre o tesouro israelense.

A terceira frente é o universo das redes sociais e outras narrativas digitais sobre quem é bom ou mau. Quando o mundo se torna interdependente, quando – graças a smartphones e redes sociais – nada permanece oculto e nós conseguimos ouvir uns aos outros sussurrar, a narrativa dominante adquire um valor estratégico verdadeiro.

Essa rede social ser manipulada com tanta facilidade pelo Hamas ao ponto do episódio de um míssil palestino que falhou e atingiu um hospital em Gaza ter tido a culpa atribuída a Israel é profundamente perturbador, porque essas narrativas moldam decisões de governos e políticos tanto quanto relações entre diretores executivos e seus funcionários. Estejam avisados: se Israel invadir Gaza, corporações do mundo inteiro se verão diante de demandas em competição de seus empregados para denunciar Israel ou o Hamas.

O governo de Israel começou a se comportar de uma forma que ajudou a unir os seus inimigos

Aquarta frente é a luta intelectual-filosófica entre o movimento progressista internacional e Israel. Alguns elementos desse movimento progressista, que é grande e diverso, perderam as estribeiras morais sobre este tema. Por exemplo, vi numerosas manifestações em universidades americanas que culpam Israel pela invasão horrenda do Hamas, argumentando que o grupo travou uma “luta anticolonial” legítima.

Esses manifestantes progressistas parecem acreditar que o Estado de Israel inteiro é uma empresa colonial – não apenas os assentamentos na Cisjordânia – e, portanto, o povo judeu não tem direito à autodeterminação nem à autodefesa em sua terra ancestral, seja dentro ou fora das fronteiras pré-1967.

E, para uma comunidade intelectual, aparentemente preocupada com nações que ocupam outras nações e lhes nega direito ao autogoverno, não vemos muitas manifestações progressistas contra a maior potência opressora no Oriente Médio hoje: o Irã.

Além de reprimir suas próprias mulheres em busca de mais liberdade de pensamento e vestimenta, Teerã controla quatro Estados árabes – Líbano, Síria, Iêmen e Iraque – por meio de aliados. O Líbano, um país que conheço bem, há um ano não consegue eleger um novo presidente que não se curve constantemente aos desejos e interesses de Teerã.

Infelizmente, libaneses independentes são incapazes de remover a influência do Irã de seu Parlamento e Executivo, que é exercida em grande medida por meio das armas do Hezbollah. O site Middle East Eye noticiou que, em 2014, o representante da cidade de Teerã no Parlamento iraniano Ali Reza Zakani gabou-se da maneira que o Irã passou a controlar quatro capitais: Bagdá, Damasco, Beirute e Sanaa.

Reduzir essa luta incrivelmente complexa de dois povos por uma mesma terra a uma guerra colonial é uma desonestidade intelectual. Ou, conforme afirmou o escritor israelense Yossi Klein Halevi no jornal Times of Israel: “Colocar a culpa da ocupação e suas consequências totalmente em Israel é desprezar o histórico das ofertas de paz israelenses e da rejeição palestina. Rotular Israel como mais uma criação colonialista é distorcer a história singular do retorno de um povo arrancado de sua terra, em sua maioria refugiados de comunidades judaicas destruídas no Oriente Médio”.

ASSENTAMENTOS.

Mas vejam o que mais é desonesto intelectualmente: comprar a narrativa da direita israelense favorável aos assentamentos, neste momento disseminada dentro de Israel, de que a violência do Hamas é tão selvagem que não tem nada a ver com nada que os colonos tenham feito – portanto, não há problemas em erguer mais assentamentos.

Minha visão: trata-se de uma disputa territorial entre dois povos que reivindicam a mesma terra, que precisa ser dividida da maneira mais equitativa possível. Essa concessão mútua é o fundamento de qualquer sucesso contra o Hamas. Portanto, se você é favorável a uma solução de dois Estados, você é meu amigo e se você é contra uma solução de dois Estados, você não é meu amigo.

A quinta frente é dentro de Israel e dos territórios ocupados. Na Cisjordânia, colonos judeus de direita estão atacando palestinos e perturbando os esforços do Exército de Israel de manter o controle em colaboração com as forças de segurança da Autoridade Palestina (AP), liderada por Mahmoud Abbas. Temos de lembrar que a AP reconheceu o direito de Israel existir como parte dos Acordos de Oslo. Seria terrível se essa frente explodisse em um confronto entre a AP e Israel, porque desse modo haveria pouca esperança para se obter ajuda da autoridade para governar Gaza.

Mas também não haverá nenhuma esperança para isso se os palestinos na Cisjordânia e espalhados pelo mundo não insistirem na construção de uma Autoridade Palestina mais eficaz e sem corrupção. Faz tempo que isso é necessário – e não é apenas culpa de Israel isso não ter acontecido; os palestinos também colaboraram.

A sexta frente é dentro de Israel, principalmente entre seus cidadãos judeus. Essa frente está oculta momentaneamente, mas à espreita logo abaixo da superfície. É o confronto ocasionado pela estratégia permanente de Netanyahu na política doméstica: dividir para conquistar.

COALIZÃO.

Netanyahu construiu toda sua carreira política colocando grupos da sociedade israelense uns contra os outros, erodindo o tipo de coesão social essencial para vencer a guerra. Seu governo levou essa estratégia ao extremo logo que assumiu, em dezembro, movimentando-se imediatamente para furtar da Suprema Corte israelense seu poder de revisar decisões do Executivo e do Legislativo.

Nesse processo, Netanyahu levou dezenas de milhares de israelenses às ruas todos os sábados para proteger sua democracia e fez com que pilotos da Força Aérea e outros combatentes de elite suspendessem seus plantões de reservistas afirmando que não serviriam a um país que ruma para a ditadura. Seu governo dividiu e distraiu Israel e suas Forças Armadas exatamente na hora errada – se é que já houve uma hora boa.

Como você vence uma guerra em seis frentes? Repito: somente com uma aliança de pessoas e nações que acreditam em valores democráticos e no direito de todos os povos à autodeterminação. Enquanto não produzir um governo capaz de gerar essa aliança, e a não ser que o faça, Israel não terá o tempo, os recursos, o parceiro palestino e a legitimidade de que precisa para derrubar o Hamas em Gaza, estará lutando principalmente ao lado dos EUA como seu único aliado verdadeiro e sustentável.

E muito da força dessa aliança reside hoje em Joe Biden e no fato de que ele traz para esta crise um conjunto de princípios centrais e fundamentais a respeito do papel dos EUA no mundo: o certo contra o errado, a democracia contra a autocracia. Pode demorar para termos novamente um presidente com esses instintos. Em outras palavras, Biden criou capital de giro diplomático – que vem com um prazo-limite – tanto para os israelenses quanto para a Autoridade Palestina. Ambos devem usá-lo sabiamente.

TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

O Estado de S. Paulo.28 Outubro de 2023
Por: Thomas L. Friedman

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